Naquele espaço, o grande apoio era a brincadeira: bolas, bonecos, pipas, lápis, papel, capoeira e encenações teatrais propunham tirar, por algumas horas, os meninos de sua dura realidade de mendicância, drogas e delitos. Estava assim plantada a semente do que é hoje a filosofia básica da entidade: a reinserção familiar e social através do lúdico e das atividades artísticas e culturais.
Numa das assembléias com os meninos surgiu a idéia de se criar um circo que poderia ser o grande provocador de mudanças, ao estimular o imaginário, sonho, o colorido, a brincadeira. "E como esse circo irá se chamar?" "Circo de Todo Mundo" respondeu o garoto, justificando: "Não queremos um circo só para os meninos de rua, queremos um circo para todas as crianças".
A primeira experiência surge no ex-campo do Clube Atlético Mineiro (atualmente Diamond Mall), depois na Praça Rui Barbosa (de março de 1992 a agosto de 1993), em agosto de 1992 é implantada a Casa recriando, com atividades viabilizando a geração de renda, incluindo a grife "Virando o Avesso" e uma pequena loja. Em março e abril de 1993 surgem as casas Moradias I e II, em setembro de 1999 o Centro de Passagem Casa Rosa e depois, duas casas lares, posteriormente desativadas.
As atividades circenses vão surgindo, apartir de janeiro de 1994, em um trailler na Praça Marechal Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia. A primeira lona, em julho de 1994, no campo do América, na Avenida dos Andradas.
Em agosto de 1994 assume personalidade jurídica, com a denominação de "Centro Recreação de Atendimento e Defesa da Criança e do Adolescente".
Apartir de 1996 ocupou o espaço na antiga Fundação Estadual do Bem Estar do menor - FEBEM em convênio com a Secretaria de Estado do Trabalho, de Assistência Social, da Criança e do Adolescente - SETASCAD. E, apartir de 27/03/98, na Rua Santo Agostinho, aproveitando e recuperando as instalações abandonadas da antiga gráfica da FEBEM, com o apoio da União Européia através do programa Infância Desfavorecida no Meio Urbano.
Em 2001, ainda sob a chancela do movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, o Circo participa da execução do Seminário Brasileiro de Crianças e Adolescentes Trabalhadores para ouvi-los, desenvolver neles a consciência política e sensibilizar a sociedade e o poder público para o combate ao trabalho infantil.
No decorrer de 2002 e 2003 o Circo implementa uma grande campanha contra o Trabalho Infantil Doméstico, com o patrocínio do Ministério da Educação. As ações foram especialmente voltadas para adolescentes em situação de risco e para professores da rede estadual, com oficinas, seminários e publicações de duas cartilhas. Com o mesmo objetivo, ações continuam a ser executadas nos anos seguintes.
Em 2005, uma solenidade marca a homenagem a duas personalidades brasileiras dando-se o nome delas ao Centro Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente Helena Greco e a Sala do Saber Paulo Freire, a primeira, por sua militância na resistência democrática e o segundo por suas inovações na educação popular.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário